quinta-feira, 11 de março de 2010

Como o raiar do dia

Como o raiar do dia
É o meu sentimento por você
Único, Inteiro, Exclusivo
De brilho intransferível
Muitos o admiram
Apenas você o possui
Está no ideal de cada um
E só você o desfruta
Saboreia ali sentado
Com olhar de paciência
Revelando sua sapiência
Nessa arte dos contemplados
Jogo de espelhos
Reflexos multifacetados
Na ventura do saber amar

É como o raiar
Meu olhar a te encarar imponente
Que nem luz ouro avermelhado
A elevar-se
Nos encontros de tua busca
Resenhar certeiro
Palavras que não jogadas em vão
E ao por do sol faço serestas
Único convidado de minha própria festa
Mesmo quando não está aqui
Só pra lembrar com clareza
Te presentiar com a certeza
De que o amor absoluto
Tão sincero, por vezes oculto
Sempre esteve e estará
Por dentro de mim
Buliçoso e internitente
Em pista de mão única
A passar por entre a gente.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Ocultas Palavras

Ocultas Palavras
Pra não ser machado na mão
A esmagar o dedo
Virar destroços


Ocultas Palavras
Pra não exultar pensamentos
Dar vida viçosa
Expandir pela ação
No formato modelado da emoção


Ocultas Palavras
Pra não ser buquê de flores
Amarrotado em mágoas


Ocultas Palavras
Tesouros que não se revelam
Nem que o outro o mereça
Tem que passear por sua própria cabeça
Eu mesmo a me encarar


Ocultas Palavras
Para que outras namorem com os ouvidos
Não deixe os tolos aflitos
Não desfaça viagens ao estrelados
Daqueles que nunca protagonizaram em palco


Ocultas Palavras
Pra não ser fechaduras
Dessas com cadeados em cortinados ao vento
Janela na displicência dos escancarados


Ocultas Palavras
Sacrilégios, tristes pecados
Ver o type passando
Caminhos se desencontrando
Destino tirando sarro da gente


Ocultas Palavras
Lágrimas caindo do céu
tempestades
Que a alma não soube guardar
Nem controlar
E dissipam-se escandalosamente


Ocultas Palavras
Não mais omissão
Apenas poupam o coração
E esse mundo que não nos merece
Só pra fazer valer a razão


Ocultas Palavras
Decapitação
Decepadas
Amordaçadas
Debatendo-se ao chão


Ocultas Palavras
Ceia em familia
Despencam por entre os cantos de boca
Becos sem saída
Salivas salobras
Temperam o indizível
Em risos convencionais

Arqueados de Infinitos

Se somos homens... errantes também somos,
não somos feitos só de pó,
nem tampouco de puro vento,
mas da crença de que somos tantos e tão pouco,
de que somos um tudo-nada
arqueados de infinitos.

O Condenado

Ter um labirinto
Em mar aberto
Ajoelhados em intolerâncias
Brutas nuvens selvagens
Enrosco-me
Caem tuas lágrimas
Pranto pálido
Nevoeiro de emoções
Lapido eu
Se cabes
Brotando luzes...
Ribalta
Evidências todas tuas
Vpicios meus.
M e c a n i z a d a s
Tralhas do dia após outro
"Besouro"
Não o que se assenta em fotossínteses
Mas aquele que faz da arte africanizada
Seu esteio, sua virtude
E em espreitada mesquinhez
Avestruz...
Submissões
Grilhões
Açoites
Sempre última palavra
Imperiosas falácias
Marginais... Pilantras
Em cêra de velas
Velas acesas
Murmúrios de odoiás
E em torrentes de areias finas
O oásis
A jogar-se firinamente
Em rochedos congelados
Em mármore estático
Em gestos de "O Pensador"
E que em "Rodin" se calam
A ele interpelam
Sem ter a noção
De que são os vértices de tantas outras visões
São outros prismas
Que embalam esse mundaréu
Que ditam quem é o réu
O condenado

terça-feira, 2 de março de 2010

Dadaísmos neuronais

Um ranger de isopor no chão
Agonias...
Esbravejam dores de amor
Desprezos...
Oh, sinfonia dos desafinados!
Desesperos...
Cegos em porta de decapitados
Revelações...
Gota salgada escorre
Cardápios...
Rotação de CDs
Desperdícios...
Tempo dissolve
Ilusões...
Alanis Morisset
Alívios...
Labirintos entrecruzados
Respostas...
Você de cara na lua
Perdições...
Garganta arrastada no chão crespo
Agonias...
Foto em ficha policial
Culpas...
Ranger de pensamento
Lástimas...
Um novo sol
Amarguras...
Tesouro no teu sorriso
Escavações...
Meus sílios nos teus
Salvações...

Pronto

Sandalhitas em couro curtido
Tão fininhas
Mais parece solas da pele
Mais padece em trilhas
Quadrilátero cabe
Pedaço de um arbusto
Verdes fugidios
Algumas pinceladas
Escorregadas... congeladas
De marrons


Estagnei
Virei tudo ao avesso
Tinha documentação não
Malfazeja
Cabra da peste
Muié de beira de forno
Há! Se te pego
Ô, que idéia!?!


Uma sala de reuniões em replay
Pareço ter visto esta cena... não sei
Êta campo minado essa minha alma
Divaga nas estradas
Berro de caminhão
Bronca do fuscão
Vrum.. Vrumm...


Se bem soubesse
Habitava boléias
Seria mais preciso
Que os dias que seguem
Mãos em rebuliços
Esperas


Esse poço sem fundo
Onde vai dar?
Uma galeria
Tantas saídas
Uma intenção
Especulações


Correrias por entre os esgotos
Ratos não se combinavam
Outros se ajuntavam
Num canto adormecido
Aminésias
Esquecimentos
Memórias caquéticas
Depredações
Implosões


Bundas no esmo
Sensações que correm
Qual assaltante
Suores frios
Tensões
Vida
Lobos em círculos
Rituais
Cochichos
Acordos
Conchavos
Morte
Certeira


Breu
Ermo
Um só
Espremido no canto da sala
Onde eu estava mesmo?


Café da manhã com assessores de elevador
Beira da brisa de tua boca
Alucinações
Passos em paralelepípedos
Pelourinho
Porões
Animações


Almas tribais
Tatuagens em fomes
Sensações
Clips rolam nos dedos
Dedos que vem e vão
Bailados... inquietudes


Ruas lotadas
De vazios
Barulhos mudos... surdos


Dona pequena
Meio-fio de madrugadas boêmicas
Estrondo de portas
Luzes inibidas
Enfraquecidas
Sussurram desejos
Vãs
Sorriso debruçado no beijo da menina
Meiguices
Declarações em versos
Portas cerradas
Jardins em flores.... desabrocham
Revelações escorrem por entre os olhos
Escuros
E pronto...

Arroto

Esses caninos que babam a epiderme
E nela se deixa escorrer, ácidas...

O carimbo das verdades mais íntimas
Dos instintos aflorados
Na displicência
Escandalosamente em paradeiros
Na próxima esquina
Bolsinhas a bailarem
Debochosas
Das palavras que correm
Por entre os corredores de suas taperas
Sem a menor vontade de aparecer
Dissipam-se...
Desgastam-se
No tempo
No vento
Na lida
Nas emoções
Nas horas de provações
De avaliações


Aflição
O rato roeu a roupa do rei
Unhas por fazer, desgastadas
Decepadas, extintas
Em aflição
Vísceras devoradas
Me gelou


A que pertenço?
Se todas as coisas ocupam seu lugar
Que lugar me possui
Me desfaz
Me arrebanha...
Em devaneios
nietschzianos
Pé em pé... sorrateiro
Imperativo das gerais
Dos universais
O que é de gosto
Arregala o caroço
O que interessa
É que a pirâmide
Tem extremos opostos
Nas nuances cheias e vazias da vida


No mundo das formigas
Há aquelas que trilham as mesmices
Outras se debatem nesse mundaréu de desatenções


O tempo traça meus sentimentos
Dissolução
Deterioração
Contaminação
Fuga
Eletrocutados
Carbonizados
Alcatéias em devoração
Canibalismos
Achados & Perdidos


Enquanto que na sala ao lado
Gargalhadas e soluços
Brilhos nos olhos
Inveja
Vingança


Perdas & Ganhos



Bem mais derrotas
A se digerir
Hálitos de manguezais
Sazonais
Precipitam o inevitavel
Que assim se transborda
Em lama se afoga
E submerge


Conflagração
Convulsão
Desabafo


...


Arroto

segunda-feira, 1 de março de 2010

Mas não é como... É

É como se a alma se esvaisse
Em sangue vinho
Cor de intenso


Mas não é como
É factual


É como se o tempo
A mim devorasse
Mordaz em intolerâncias


Mas não é como
É brutal


É como se o amor
Em castelo de areia se tornasse
E de teus olhos escorresse


Mas não é como
É teu ângulo


É como se eu fosse abismal
Em verticalidades vertiginosas
É martelo bigorna


Mas não é como
É doloroso desatino


É como se não houvesse fim
Como se inteiro fosse
Amor intacto, único, raro


Mas não é como
É.